Apesar das dificuldades, o país marca presença na Antártida
EVANILDO DA SILVEIRA
A crescente preocupação com o meio ambiente tem despertado a atenção do mundo para um continente distante, deserto e frio. Embora abrigue apenas 80 mil habitantes temporários, a maioria pesquisadores, a Antártida poderá ser decisiva para o futuro da humanidade. Se o aquecimento global que o planeta começa a viver levar ao derretimento de todo o seu gelo, o nível dos oceanos poderá subir até 60 metros, o que tornaria a vida do homem na Terra bem mais difícil. Mas não é preciso que essa catástrofe ocorra – e é pouco provável que venha a acontecer de fato – para que se constate a importância dessa região. Ela tem papel fundamental nas correntes marítimas e no clima de todo o mundo, que por sua vez influenciam, por exemplo, a riqueza marinha e o desempenho agrícola.
São 14 milhões de km2 de terra – uma vez e meia a área do Brasil – quase totalmente cobertos por uma camada de gelo de 2,1 km de espessura em média (mas que em alguns pontos pode chegar a quase 5 km), e mais 20 milhões de km2 de mar congelado no inverno e 1,6 milhão no verão. "Essa imensidão gelada é um dos principais controladores do sistema climático terrestre e do nível dos mares, além de arquivar em suas camadas a evolução e eventos da atmosfera do planeta, bem como o registro da poluição causada pelo homem no último século", diz o glaciólogo Jefferson Cardia Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), experiente pesquisador das paragens geladas do pólo sul. "Saber como o ambiente antártico afeta o Brasil é tão importante quanto estudar a Amazônia", diz ele.