terça-feira, 30 de junho de 2009

Os novos Galileus, em busca da verdade

Quatro séculos depois do primeiro telescópio,
os homens continuam fascinados pelas estrelas

EVANILDO DA SILVEIRA

Foto: Augusto Damineli
Desde 30 de novembro de 1609 a humanidade nunca mais olhou o céu como antes. Nas primeiras horas da noite daquela segunda-feira sem nuvens em Pádua, na Itália, os astros ficaram mais próximos da Terra. Nessa data, Galileu Galilei (1564-1642) fez sua primeira observação astronômica a olho armado documentada. Usando um pequeno telescópio, feito por ele mesmo, ele observou a Lua crescente. Hoje, depois de o homem ter pisado no solo lunar, parece pouco. Mas foi uma verdadeira revolução científica. No mesmo ano, o alemão Johannes Kepler (1571-1630) publicou seu livro Astronomia Nova, no qual formulava as leis dos movimentos planetários, demonstrando que, ao contrário do que se acreditava, as órbitas dos planetas em torno do Sol são elípticas e não circulares. Para marcar os 400 anos desses feitos científicos, a Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou 2009 o Ano Internacional da Astronomia (IYA, na sigla do nome em inglês). Leia mais, na revista Problemas Brasileiros, onde a matéria foi publicada originalmente. Na foto acima, o telescópio Soar, no Chile, do qual o Brasil é sócio majoritário. Leia mais...
Antes de Colombo

Chegada do homem ao território americano
é alvo de pesquisas e polêmica

EVANILDO DA SILVEIRA
Foto: Evanildo da Silveira
Ao desembarcar na praia de uma ilha do Caribe, numa manhã ensolarada de uma sexta-feira, dia 12 de outubro de 1492, Cristóvão Colombo foi recebido por um povo amistoso, os tainos, que ele estava convencido serem indianos. O navegador genovês a serviço da Espanha não sabia, mas sua chegada marcou, na verdade, o reencontro de duas linhagens evolutivas do Homo sapiens, que estavam separadas havia pelo menos 50 mil anos, a sua própria, europeia, e a dos americanos de então, mongoloides, aparentados com os povos asiáticos. Desde então, persiste o mistério: como as populações encontradas por Colombo chegaram a este novo mundo descoberto por ele, mais tarde batizado de América? Dois trabalhos recentes de pesquisadores brasileiros (um livro e um artigo científico) são uma tentativa de responder, pelo menos em parte, a essa questão.
As duas respostas não convergem, no entanto. Na verdade, elas aumentam a controvérsia que cerca o assunto há muito tempo. No livro O Povo de Luzia – Em Busca dos Primeiros Americanos, seus autores, o bioantropólogo Walter Alves Neves e o geógrafo Luís Beethoven Piló, ambos da Universidade de São Paulo (USP), apresentam sua teoria para a chegada do homem à América. Eles a chamam de Dois Componentes Biológicos Principais, porque, segundo essa tese, houve duas levas migratórias iniciais, a primeira há 14 mil anos e a segunda há 11 mil, vindas da Ásia pelo estreito de Bering. A mais remota seria composta por uma população com traços que lembram os dos africanos e aborígines australianos. "A segunda era de mongoloides, semelhantes aos asiáticos e índios americanos atuais", explica Neves.
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