sábado, 8 de maio de 2010

Anfíbios

Matéria minha publicada na mais recente edição da revista Planeta.
Os mestres da adaptação
podem desaparecer
Nada menos do que 30% da mais recente lista
de espécies ameaçadas na Terra é composta por anfíbios
Por Evanildo da Silveira
Foto: Shutterstock
Eles são campeões na capacidade de adaptação, mas mesmo assim estão em perigo. Os anfíbios apareceram na Terra antes dos dinossauros, há 360 milhões de anos, sobreviveram a eles, viveram sob climas diferentes, superaram catástrofes naturais e continuaram a se multiplicar enquanto outros ramos da vida se extinguiam. Mas, agora, parece que estão perdendo a luta pela permanência no planeta. Populações e espécies desse grupo de animais vêm escasseando, estão sob ameaça de extinção ou até mesmo ndesapareceram. Segundo dados da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês), divulgados em novembro do ano passado, os anfíbios são a classe de vertebrados mais ameaçada de extinção.
Os números constam da Lista Vermelha da IUCN, considerada a avaliação mais conceituada e séria sobre o estado dos organismos que vivem na Terra. Das 47.600 espécies que fazem parte da lista, cerca de 18 mil correm sério risco de extinção, e dessas nada menos do que 30% correspondem a anfíbios. Das 6.200 espécies desse grupo relacionadas na Lista Vermelha, por volta de 1.900 estão em perigo de extinção – 33 das quais no Brasil. “No mundo, 37 já foram extintas e duas não vivem mais na natureza, sendo representadas por apenas alguns indivíduos em cativeiro”, mconta a bióloga Vanessa Verdade, da Universidade de São Paulo (USP). “No nosso país, a única espécie considerada extinta é a Phrynomedusa fimbriata (perereca-verde).” Leia mais...

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Energia Solar

Matéria minha publicada na revista Problemas Brasileiros, edição 398, de março/abril de 2010.

Uma fonte limpa e inesgotável
Cresce no mundo o aproveitamento
energético da radiação solar
EVANILDO DA SILVEIRA
Cepel/Divulgação

Todos os dias o Sol envia à Terra 10 mil vezes mais energia do que a humanidade consome. Só no Brasil, chega o equivalente a 145 mil usinas de Itaipu. É uma enorme reserva, mas ainda pouco aproveitada em todo o mundo. Considerando todo o planeta, a potência instalada dos painéis fotovoltaicos – que transformam a radiação solar em eletricidade –, segundo dados de 2008, é de 13,4 mil megawatts (MW). Quase nada se comparada à das usinas hidrelétricas. Só a de Itaipu, por exemplo, tem potência maior – 14 mil MW. No Brasil, o aproveitamento é ainda menor. O país não produz células solares, e o total instalado mal chega aos 15 MW. A situação, porém, começa a mudar. Em termos mundiais, o uso da energia solar vem crescendo a um ritmo de 70% a 80% ao ano – uma Itaipu a cada dois anos.
E o melhor é que se trata de uma fonte literalmente inesgotável – pelo menos pelos próximos 5 bilhões de anos, tempo durante o qual se prevê que o Sol ainda brilhará. Enquanto esse dia não chega, ele pode ser comparado a uma gigantesca central nuclear – dentro da qual caberiam mais de 1 milhão de Terras –, que transforma hidrogênio em hélio, liberando uma quantidade colossal de energia, em forma de radiação eletromagnética. Só um bilionésimo dela chega a nosso planeta, oito minutos depois de ser liberada da estrela. É o suficiente, entretanto, para manter a vida na Terra. Leia mais...

sábado, 17 de abril de 2010

Engenharia eletrônica

Mais uma matéria minha publicada na revista Pesquisa Fapesp.
A luz que fala
Aparelho destinado a deficientes visuais identifica e

comunica nomes de cores e dinheiro
Evanildo da Silveira
Edição Impressa 169 - Março 2010
© miguel boyayan
Um pequeno aparelho com 12 centímetros (cm) de comprimento por 6,5 cm de largura e 5 cm de altura, pesando não mais do que 100 gramas, poderá ser uma alternativa para melhorar a qualidade de vida dos cerca de 5 milhões de brasileiros com deficiências visuais mais complicadas como a cegueira. Trata-se de um identificador de cores e notas de dinheiro, capaz de emitir o nome de 40 tonalidades diferentes por meio de gravações e de cédulas de real em circulação. Batizado de Auire, que significa algo como “oi” ou “olá” na língua dos índios javaés, que vivem no estado de Tocantins, o equipamento foi desenvolvido pelos jovens engenheiros de computação Fernando de Oliveira Gil e Nathalia Sautchuk Patrício, alunos de mestrado na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). O projeto deles é finalista da competição internacional Unreasonable Finalists Marketplace, organizada pelo Instituto Unreasonable para premiar projetos sociais de grande impacto em todo o mundo. Essa instituição é liderada por quatro jovens empresários, ex-alunos da Universidade do Colorado, na cidade de Boulder, nos Estados Unidos, que trabalham com empreendedorismo social em projetos que possam receber apoio de capital de risco, ser sustentáveis e ter boas perspectivas de mercado. Leia mais...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Matéria minha publicada na edição de março de 2010, da revista Planeta.
Litoral Brasileiro
Uma linha em perene mutação
Evanildo da Silveira

O litoral brasileiro tal como se conhece hoje surgiu há 7 mil anos, depois da última glaciação. A linha costeira do País, que se estende por 8,5 mil quilômetros, não é assim tão imutável como costuma aparecer nos mapas. Ela sofre pequenas alterações ao longo do tempo. Em alguns pontos, avança continente adentro, abrindo caminho para a invasão do mar. É a erosão. Em outros, empurra o oceano, alargando as praias. É a progradação. É um vaivém eterno, que pode ter como origem causas naturais ou ação do homem, que, com suas cidades e construções, ocupa área vulneráveis. Essa situação tende a se agravar com o aquecimento global, que não só fará o nível do mar subir, alagando áreas baixas da costa, como alterará o fluxo e o sentido de correntes marinhas e intensificará e aumentará a frequência de fenômenos como tempestades e furacões. Leia mais...

sexta-feira, 19 de março de 2010

Especial Crodowaldo Pavan

Mais uma matéria minha do encarte especial da revista Pesquisa Fapesp sobre o geneticista Crodowaldo Pavan.
Um ambiente favorável à genética
Crodowaldo Pavan contribuiu de modo marcante
para o avanço da ciência no Brasil
Evanildo da Silveira
Edição Impressa 168 - Fevereiro 2010
© Acervo Hans Burla/Comissão Memória IB-USP

Pavan ao volante do Ford Mercury com Brito da Cunha ao lado e Sophie Dobzhansky (atrás) durante trabalho de campo no litoral

Em 2009 o Brasil perdeu um de seus mais destacados cientistas. Vítima de falência múltipla de órgãos e sistemas, causada por um câncer e um infarto anteriores, o biólogo e geneticista Crodowaldo Pavan morreu no dia 3 abril, aos 89 anos, no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP), na qual fez a maior parte de sua bem-sucedida carreira. Nascido em Campinas, graduado em história natural pela USP em 1941, Pavan foi um dos fundadores da genética no Brasil. Ao longo de uma trajetória científica de mais de meio século, realizou descobertas importantes, que resultaram em trabalhos publicados com repercussão internacional, além de ter formado dezenas de pesquisadores no Brasil e nos Estados Unidos e dirigido algumas das instituições científicas mais prestigiadas do país. Leia mais...

quinta-feira, 11 de março de 2010

Especial Crodowaldo Pavan

Mais uma matéria minha do encarte especial da revista Pesquisa Fapesp sobre o geneticista Crodowaldo Pavan.
A institucionalização da pesquisa
Dreyfus, Dobzhansky e Pavan foram importantes
para o desenvolvimento da genética
Evanildo da Silveira
Edição Impressa 168 -
Fevereiro 2010
© Acervo Comissão Memória IB-USP
O biólogo Luiz Edmundo Magalhães costuma dizer que seu orientador teve três anjos da guarda ao longo da carreira: André Dreyfus (na foto, de óculos escuros), Harry Miller Jr. e Theodosius Dobzhansky. Parafraseando Magalhães, pode-se dizer que a genética animal no Brasil teve quatro, se não anjos da guarda pelo menos grandes impulsionadores: os três citados por ele mais o próprio Pavan. Eles não foram os primeiros a realizar pesquisa na área no país, mas seguramente estão entre os que mais contribuíram para desenvolvê-la e, mais do que isso, para institucionalizá-la. De uma forma ou de outra, os quatro estiveram envolvidos na criação de cursos, cátedras, linhas de pesquisa e associações que congregam os geneticistas do país, como a Sociedade Brasileira de Genética (SBG), por exemplo. Leia mais...

terça-feira, 9 de março de 2010

Especial Crodowaldo Pavan

Matéria minha publicada num encarte especial da revista Pesquisa Fapesp, em homeangem ao geneticista Crodowaldo Pavan, morto em 2009.
A queda de um dogma
Pavan demonstrou que o número de genes
não é constante nas células
Evanildo da Silveira
Edição Impressa 168 - Fevereiro 2010
© Eduardo César
Como costuma ocorrer com muitas descobertas científicas, a mais importante realizada por Crodowaldo Pavan foi por acaso. Em uma de suas excursões para coletas de drosófilas (a mosca-de-frutas, organismo modelo para pesquisa em genética), no fim dos anos 1940, numa plantação de bananas em Mongaguá, no litoral sul de São Paulo, Pavan deu um chute numa bananeira caída e, embaixo dela, descobriu um bolo do que supôs ser vermes. O hábito e o instinto de cientista o fizeram levá-los para o laboratório. Descobriu que, na verdade, eram larvas de uma mosca do gênero Rhynchosciara, que mais tarde lhe permitiria descobrir o fenômeno da amplificação gênica, que derrubou um dogma da biologia, a constância do DNA. Leia mais...